O Menino da Porteira

Imágem: Um homem toca um berrantePictured: A man playing a horn locally known as a berrante
Origin: Brazil 🇧🇷 BrasilLanguage: Portuguese


O Menino da Porteira

Música e texto: Teddy Vieira, Luís Raimundo


Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino

De longe eu avistava a figura de um menino

Que corria a abrir a porteira, depois vinha me pedindo

"Toque o berrante, seu moço, que é pra eu ficar ouvindo".


Quando a boiada passava e a poeira ia abaixando

Eu jogava uma moeda e ele saía pulando

"Obrigado, boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando".

Pra aquele sertão afora meu berrante ia tocando


No caminho desta vida muito espinho eu encontrei

Mas nenhum calou mais fundo do que isto que passei

Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei

Vendo a porteira fechada, o menino não avistei


Apiei do meu cavalo num ranchinho à beira-chão

Vi uma mulher chorando, quis saber qual a razão

"Boiadeiro, veio tarde, veja a cruz no estradão

Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração".


Lá pras bandas de Ouro Fino levando gado selvagem

Quando passo na porteira até vejo a sua imagem

O seu rangido tão triste mais parece uma mensagem

Daquele rosto trigueiro desejando-me boa viagem


A cruzinha do estradão do pensamento não sai

Eu já fiz um juramento que não esqueço jamais

Nem que o meu gado estoure, que eu precise ir atrás

Neste pedaço de chão, berrante eu não toco mais



The boy from Porteira

Music and lyrics: Teddy Vieira, Luís Raimundo


Every time I travelled by Ouro Fino's road

From far I could see the image of a boy

Who ran to open the gate and then came asking me

"Play your berrante, sir, so that I can listen to it"

When the cattle went through and the dust came down, I threw him a coin, and he hurried away:

"Thank you, cowboy, may God go along with you"

And throughout the wilderness my berrante echoed

In the ways of this life i found many thorns

But none was deeper than this that I went through

On my trip back, something would bother me

Seeing the closed gate, and i couldn't see the boy

I got off my horse, and in the little ranch across the ground

I saw a woman crying, and I wanted to know the reason

"Cowboy, come quickly, see the cross by the road,

what killed my little son was a bull with no heart"

To the sides of Ouro Fino, leading wild cattle

When i go through the gate I still see his image

Its sad creak sounds more like a message

From that swarthy face, wishing me a good trip

The small cross on the road does not leave my mind

I have already made an oath, which i won't ever forget

Not even if the cattle flees, and i need to regroup them

In this piece of land, I won't ever play my berrante again.